quarta-feira, 13 de abril de 2011

Beijo, beijinho, beijão...

Beijo, beijinho, beijoca, ósculo... Vários podem ser os termos designados para um dos gestos mais afetuosos do ser humano e que povoa sua mente desde a mais tenra idade. É muito comum o bebê aprender a dar beijinhos antes mesmo de falar; na infância, já sabendo exatamente o que é o beijo, a criança se depara com histórias como a da Bela Adormecida. E o beijo começa a ganhar uma outra conotação, ainda que subjetivamente. Afinal, qual menina não quer ser despertada pelo beijo de um príncipe, e qual menino que não deseja imensamente ser o príncipe para beijar a tal princesa?

É algo tão especial que ganhou até um dia em sua homenagem: hoje é o Dia Internacional do Beijo. Na pré-adolescência, o beijo ganha, de fato, uma relação mais sensual. A menina passa a ver que aquele príncipe de faz-de-conta de anos passados se parece muito com o colega da carteira ao lado. E basta o amigo identificar na garota a princesa para que o beijo surja na sua mais intensa concepção: o gesto principal que simboliza a troca de carinho, de afeição, de atração. De amor. Os mais românticos dizem até que o beijo funciona como uma espécie de termômetro. Se o parceiro (a) não gosta de beijar na boca é porque o amor está padecendo.

Assim como o próprio relacionamento, o beijo também amadurece. Basta lembrar do primeiro. Qual adolescente não se desesperou pelo fato de não saber beijar na iminência do primeiro encontro? "Treina na laranja", “Treina na mão”.... aconselham os amigos. Depois, ninguém consegue entender como alguém pôde, um dia, achar que beijar e chupar laranja é "muito igual". Bom, dos primeiros beijinhos singelos - os chamados "selinhos" ou "bitocas" - até o beijo mais ardente, existe todo um processo. "Nos casos do beijo de amor e do beijo apaixonado, quando são bons, dão asas à imaginação e deixam aquela sensação gostosa e até saudade", lembra Eduardo Lambert, autor de "A Terapia do Beijo" (Editora Pensamento).

"Sobre o beijo de amor assim diz Casanova: 'O beijo é uma tentativa ardorosa de se absorver e inspirar a essência da pessoa que amamos'." Um parêntese: o beijo desperta no organismo humano mais do que prazerosas sensações. Ele é o responsável por desencadear o que se costuma nominar de "química do amor".

O mais importante, contudo, é a sensação de prazer que o ato proporciona. Isso acontece porque o beijo estimula no cérebro a produção de endorfinas, substâncias responsáveis pela sensação de bem-estar - conhecidas como os "hormônios da felicidade". Outro aspecto é o calórico. Isso mesmo! Beijar queima calorias. Acredita-se que um beijo caprichado consuma cerca de 12 calorias e, somado a uma relação sexual completa e longa, em torno de uma hora, pode queimar algo em torno de 600 calorias.

O EROTISMO POR TRÁS DO GESTO

Em Feng Shui do Amor (Editora Madras), Pier Campadello verifica que se atualmente os chineses não são famosos adeptos das beijocas, no passado a coisa era bem diferente. Ele explica que para os antigos chineses, beijo era coisa séria. Totalmente erótico, "uma inalienável comunhão sexual". "O feng shui do amor considera muito importante o beijo erótico profundo, perdendo apenas para o ato da relação sexual propriamente dita. Desde que os parceiros o apreciem, o beijo erótico deve ser realizado com a maior freqüência", diz.

"A única coisa que precisa ser vencida pelo casal é a barreira psicológica para aprender a beijar todas as partes do corpo do parceiro, e que geralmente é mais forte na mulher." Conforme afirma o terapeuta, o beijo erótico é capaz de alterar toda a estrutura sensorial do parceiro, e que algumas mulheres conseguem até chegar ao orgasmo com ele. Verifica, porém, que a técnica do beijo erótico envolve audição, tato, olfato e paladar e consiste em relaxar os músculos bucais e faciais, pois se entra em contato íntimo e prazeroso com os lábios e a língua do parceiro (a).

Campadello destaca no livro os ensinamentos de Wu Hsien, mestre no assunto e autor de The Libation of the Three Peaks (“O Beijo dos Três Picos"). De acordo com o mestre, o beijo erótico pode percorrer vários caminhos até seu objetivo final, por exemplo, começando pelo "Pico do Lotus Vermelho" (os lábios), ou tocar direto a "Primavera de Jade" (a língua da mulher). Com mais entusiasmo, seguir para os "Picos Gêmeos" (os seios), daí o "Poço Florio" (a boca) pode percorrer calmamente cada centímetro do corpo até o "Portão Escuro" (a vagina). É, então, o momento do beijo "Pico do Cogumelo Roxo" ou "Caverna do Tigre Branco" no tão desejado "Portão de Jade" (vulva).


HISTÓRIA: DIVINDADE E MITOLOGIA

Mas nem sempre o beijo foi o que sabemos ser hoje. "O primeiro beijo que recebemos foi o sutil Sopro Vital do Criador, que com amor, através da Respiração Divina, nos deu o Sublime Beijo criando nossas almas e nossas vidas", destaca Lambert. Ele lembra que na Suméria (região da antiga Mesopotâmia, hoje Ásia), as pessoas costumavam enviar beijos para os céus, endereçados aos deuses. Na Antigüidade, o beijo materno, de mãe para filho, era bem comum. Entre gregos e romanos, era observado entre todos os membros de uma família e entre amigos bastante íntimos ou entre guerreiros no retorno de um combate, muitas vezes, com conotação erótica. Os gregos, aliás, adoravam beijar. No entanto foram os romanos que o popularizaram.

Para explicar o beijo, o latim tem três palavras distintas: “osculum”: beijo na face; “basium”: beijo na boca; e “saevium”: beijo leve e com ternura. Beijo na boca, entre cidadãos da mesma classe social, era uma saudação praticada pelos persas.

Heródoto, no século 5 a.C., listou todos os tipos de beijos e seus significados entre persas e árabes. "Na Idade Média, séculos 12 e 13, a saudação entre religiosos cristãos tornou-se o beijo de paz, que simbolizava a caridade e unia os cristãos durante a missa. O beijo de paz também era utilizado pela Igreja nas cerimônias de ordenação, na recepção de noviços, na missa etc.", salienta Lambert. Neste mesmo período da história, a Igreja Católica proibiu o beijo caso este tivesse alguma conotação libidinosa. O beijo, afirmavam os religiosos, não tinha de ter ligação com o prazer sexual. "Os fiéis passaram a beijar o osculatório e somente os clérigos mantiveram o costume do beijo nos lábios para as cerimônias."

O beijo na boca passou também a representar uma espécie de contrato entre o senhor feudal e o seu vassalo. Era algo como "dou minha palavra". Os burgueses adotaram o beijo na face como sinal de saudação; o nobres usavam o beijo na boca para o mesmo fim. Somente no século 17 que os homens deram fim ao beijo na boca, o substituíram, então, pelo abraço cerimonial. Paralelamente, os religiosos substituíram o beijo na boca pelo beijo nos pés, o beijo nas mãos, chegando ao aperto de mão e ao abraço da paz.

Lambert lembra que, no século 19, o surgimento do Romantismo, que dava ênfase ao individualismo, lirismo, sensibilidade e fantasias, com o predomínio da poesia sobre a razão, favoreceu os ardentes romances e tórridas paixões. Conseqüentemente, os beijos ganharam tremendo espaço e popularidade. Com o feminismo, a mulher, muito mais liberada, não teve mais vergonha de expor seus desejos. A literatura oriunda desta época, os filmes produzidos em Hollywood (quem não se lembra da cena protagonizada por Vivian Leigh e Clark Gable em ...E o Vento Levou?, mudaram hábitos tradicionais de vários povos. Entre os negros, amarelos, povos árabes e indianos, entre os quais o beijo não fazia parte dos costumes.

"O beijo atinge seu esplendor e sua razão de ser, de existir, quando é dado com os sentimentos mais puros do amor", diz Lambert. "O beijo de amor é uma forma de a boca exercer sua função de comunicar afeto, carinho, ternura e erotismo, numa demonstração da relação que existe entre oralidade e sensualidade."


QUÍMICA DO AMOR

Um beijo mobiliza:

·        29 músculos, sendo 17 deles linguais;
·        Favorece o aparelho circulatório;
·        Eleva de 70 batimentos cardíacos (em média) para 150, melhorando a oxigenação do sangue.
·        Beneficia a troca de substâncias: 9 miligramas de água;  0,7  decigramas de albumina; 0 711 miligramas de matérias gordurosas;  0,45 miligramas de sais minerais, hormônios; 18 substâncias orgânicas;
·        Bactérias (cerca de 250);
·        Vírus.

(Texto de Cleide Cavalcante, com republicação autorizada)

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