domingo, 3 de abril de 2011

Sexo e aventura no Marrocos

A noite estava quente. Muito quente. Naquela época do ano, o calor era insuportável no Marrocos. Samara dormia tranqüila em sua tenda de tecido branco, tal qual as areias do deserto que a rodeavam. Apenas uma delicada camisola de algodão egípcio lhe cobria o corpo. A luz da lua cheia penetrava suavemente pelas frestas do tecido da tenda e iluminava delicadamente sua pele bronzeada, concedendo sensual contorno às suas coxas bem torneadas e em parte do bumbum, descoberto. Os cabelos negros e cacheados lhe caiam nos ombros e moldavam seu rosto, por onde uma gota de suor escorria.

O dia havia sido longo para Samara. A arquiteta estava em viagem de trabalho no Marrocos. Daquele país, no noroeste da África, ela iria tirar inspiração para um grande projeto empresarial no Brasil. Havia passado dois dias andando entre ruelas estreitas e movimentadas de Rabat, a capital. Na semana seguinte, visitou Casablanca, Tanger e Fez. Era o suficiente para seu trabalho, mas ela continuaria viajando. Estava encantada com o país. Samara havia tirado quase mil fotos – era detalhista ao extremo – e enchido um caderno com anotações mais diversas. Já conseguia visualizar o novo empreendimento no Brasil, com base no que vira. Estava excitada com o trabalho, com o país e com todas aquelas novidades que se descortinavam diante de seus olhos. Cores, cheiros e aromas lhe aguçavam todos os sentidos.

Contudo, estava um pouco triste. O namorado, um engenheiro de origem árabe, Mulay Hafid, naturalizado brasileiro, havia prometido encontrar-se com ela em Marrakesh e não fora. Ela até tentou falar com ele, no escritório, no Brasil, mas nenhum sinal. Ninguém sabia de Mulay. Samara ficou preocupada, mas recebeu uma mensagem de texto no celular, no dia seguinte ao encontro que não aconteceu. Dizia: Samara, meu amor, não me espere. Tive de ir direto para o Egito, finalizar compras para o projeto. Nos vemos no Brasil. Quero que aproveite bem a viagem. Te amo!

O calor era quase insuportável... Entre o sono, o sonho e algum estado de consciência, Samara se vira, sonolenta. Tira a camisola branca e quase transparente, a joga num canto qualquer da tenda. Se coloca de bruços e volta a dormir. Minutos depois, Samara acorda abruptamente, mas estava imóvel. Só podia sentir uma mão forte prendendo seus pulsos, ao mesmo tempo em que percebeu suas pernas imobilizadas por outras bem maiores e fortes, entre as suas.

Apavorada, Samara ficou sem voz. Tentava gritar, quando ouviu uma voz grossa e rude ao ouvido: “Quieta”. Sentia o suor daquele desconhecido gotejar em suas costas. Ele havia usado um lenço de Samara para lhe amarrar com força os pulsos. As mãos um tanto ásperas do homem lhe acariciavam o rosto e cobriam seus olhos. Samara não podia vê-lo, estava em pânico.

Segurando forte seus cabelos, o homem começou a roçar a barba meio crescida na nuca de Samara, enquanto a beijava. Entre o desespero e aquele turbilhão de sensações, Samara desistiu de relutar. De alguma forma que não entendia, percebeu que estava excitada. E ficou mais ainda quando sentiu seu corpo másculo encostar no dela. Seu membro rijo lhe tocou algumas vezes, enquanto ele percorria com a língua molhada o caminho de sua coluna, até o cóccix. Neste momento, um arrepio a tomou por completa. Ele enfiou rudemente uma mão sob suas pernas e começou a tocá-la habilmente. Mesmo confusa e amedrontada, ela desejava aquele homem. Estava excitada como nunca. E foi neste instante que ele a possuiu, com força.

Do mesmo jeito que chegou, o desconhecido saiu da tenda.

No dia seguinte, Samara não conseguia parar de pensar no que acontecera. Seguiu viagem. Em Agadir, instalou-se em um hotel. Mesmo excitando-se só de lembrar daquela noite de sexo alucinante, selvagem até, não queria repetir a dose. Não comentou nada com sua equipe. Durante o dia, deixou-se enebriar pelas lembranças durante uma visita ao mercado de especiarias. Afinal, tudo no Marrocos era muito excitante. Samara lembrava de Mulay a todo o instante, o amava muito. Era o homem de sua vida. Mas aquele desconhecido a fez tremer de prazer.

Após três dias circulando pela cidade, Samara estava exausta. Cansada, voltou ao hotel para um banho e uma boa noite de sono. Partiria para o Brasil no dia seguinte. A ducha estava uma delícia, e, inevitavelmente, Samara lembrou novamente do que lhe acontecera na semana anterior. Masturbou-se ali mesmo, com a água quente caindo sobre seu corpo, num jato forte. Suas pernas tremiam com o gozo solitário.

Relaxada, Samara deitou-se, abraçada a um macio travesseiro de plumas de ganso. Estava certa de que teria uma noite tranqüila e segura como as demais, desde que chegou à cidade. Enganou-se. Da mesma forma como aconteceu na tenda, Samara acordou de súbito, com o corpo pesado de um homem sobre o seu. Desta vez, ele lhe vendou os olhos, antes mesmo que ela pudesse vê-lo, e tampou-lhe a boca.

Ele a virou com força na cama, rasgou sua fina camisola, afastou suas pernas rapidamente e a penetrou. Uma fisgada de dor lhe contraiu as entranhas. Samara soltou um gemido abafado, mas, logo depois, relaxou. Entregou-se novamente ao sexo anônimo. Nesta noite, o homem ficou mais tempo. Deixou-se conduzir pelo desconhecido em posições que nunca havia experimentado. Chegou ao clímax três vezes. Adormeceu.

Com os primeiros raios de sol lhe batendo na face, Samara acordou. Olhou para o relógio e viu que já eram 11 horas. Havia marcado com sua equipe às 13 horas no aeroporto. Levantou-se rapidamente, o corpo ainda estava meio dolorido, resultado da noite quente de sexo. Enquanto seguia no táxi, dúvidas a perturbavam: “Quem seria aquele desconhecido? Teria sido o mesmo homem nas duas ocasiões? Como ela agiria com Mulay, deveria contar o que aconteceu?”. O que a incomodava mais, na verdade, era a convicção de que voltaria ao Brasil sem ter nenhuma resposta.

O vôo decolou exatamente às 14h15, não atrasara nenhum minuto. Samara adormeceu logo. Estava fisicamente esgotada. Uma hora depois, Samara é acordada pela comissária de vôo. A simpática loira de olhos azuis e sotaque carregado entregou-lhe um envelope. Samara estranhou aquilo e comentou que deveria ser algum engano. A comissária disse apenas que a recomendação era para que ela abrisse a carta e lesse. Imediatamente, Samara rasgou o envelope e começou a ler:

“Samara, nunca vou me esquecer de sua imagem, adormecida sob aquela tenda no deserto, iluminada apenas pelo luar. Foi excitante fazer amor com você naquele cenário de cinema. Durante dias, não consegui pensar em outra coisa senão naquele sexo inesperado. Difícil foi entrar no quarto do hotel, mas nada que alguns dólares não pudessem ter resolvido. Foi uma aventura sem igual e nunca imaginei que pudesse ter prazer maior do que tudo que já havia experimentado contigo. Espero que tenha gostado na mesma proporção, ou mais, do que eu. Já estou pensando na próxima! Com carinho, do seu sempre Mulay Hafid.”

Samara olhou pela janela do avião, soltou um suspiro de prazer e adormeceu novamente pensando no seu amor.

(Texto originalmente postado em Brasilwiki)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O que você achou deste post? Comente aqui!